Não sei se este é o lugar certo para estar, mas sinto que é da natureza da palavra querer ser compartilhada... por isso, venho aqui descantar versos, romper partituras e promover silêncios em claves de fá...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Penso, logo firo!


Pensei em escrever alguma coisa... Vi que minhas costas não eram largas o suficiente para isso... E aí despensei. Tinha pensado em escrever um conto sobre uma mulher... Sobre uma mulher da rua... Sobre uma mulher da rua que estava grávida... Sobre uma mulher da rua que estava grávida e tinha como amiga uma formiga! Pensei em um nome para ela... Mas logo lembrei que eu tinha pensado nela como moradora de rua e sendo assim ela não teria abrigo! Só sombra... Não-nome!
Essa mulher teria a sua volta muitas moscas... Que a perturbariam de início, mas logo depois ela se acostumaria... Pensei que ela poderia morrer no parto e deixar para a criança uma barata dentro de uma caixa de fósforos como herança. Pensei que essa mesma mulher que estava grávida e morreria no parto teria engravidado acidentalmente de um cara que ela nunca amou nem nunca sonhou conhecer... E esse cara também não teria braços... Nada de mãos suadas... Nada de carinhos... Nada de nada...
Porque eu penso essas coisas???? Eu não sei... Queria não pensar nisso, queria pensar em algo mais bonito... Foi quando conversei com uma das moscas que perturbavam aquela mulher... A mosca me falou que ela era uma regente... Que já tinha decorado todo o repertório do musical que ela inventara para organizar o zunir das moscas... O movimento de suas mãos não era para afastar as moscas... Era só para orientar moscas.... A barata disse que decidiu espontaneamente morar na caixa de fósforo da mulher... Por consideração, por sensibilidade, por respeito aquele cheiro que também era dela....
A amiga formiga da mendiga só chorava...
E meu pensamento (para minha sorte) suicidou!

2 comentários:

  1. Muito bom, Ju! Se soltaaa, a palavra é o seu domínio sobre o mundooo, uhul!
    Beijim

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  2. Amei Juju!!!!! Muito bom!!!! Como disse a Débora ai em cima, solta a língua e tb os dedos!!

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